Passei por uma internação em um momento difícil da minha vida.
Já vinha tendo problemas com uso excessivo de celular e redes sociais, e as consequências foram diversas crises persecutórias desde que abri uma conta no Instagram/Facebook, em 2016.
Os motivos vão além das plataformas, tendo relação com a suspensão dos meus anti-psicóticos, mas a simbiose entre predisposição genética a ansiedade, e parâmetros digitais de sucesso, cobrou seu preço.
Já vinha tendo problemas com uso excessivo de celular e redes sociais, e as consequências foram diversas crises persecutórias desde que abri uma conta no Instagram/Facebook, em 2016.
Os motivos vão além das plataformas, tendo relação com a suspensão dos meus anti-psicóticos, mas a simbiose entre predisposição genética a ansiedade, e parâmetros digitais de sucesso, cobrou seu preço.
Passei a estudar o efeito das redes sociais sobre meu corpo, principalmente minha atenção, e desde então vivo sem elas.
O principal benefício está em conseguir se relacionar com o mundo sem ser intermediado por algo ou alguém.
Pude perceber que a tecnologia e os dispositivos que o homem cria conseguem estabelecer padrões que de outro modo seriam impensáveis, mas que a vida não se importa com eles.
Se não tivessemos tudo que temos não estaríamos mortos, mas vivendo em função de outras coisas. Com outras ferramentas a nossa volta.
Essa perspectiva é importante, porque muito facilmente nos esquecemos de que ainda somos animais, não muito diferentes dos primeiros sapiens, e acima de tudo, apenas diferentes de outras espécies: nem melhores, nem piores, diferentes.
A invenção é uma habilidade humana, realmente podemos realizar feitos notáveis, mas cada vez mais me pergunto "a que custo?".
Não pretendo ser canonizado por gestos humanitários, elevado a categoria de santo por nada que eu penso, afinal todo ser humano pensa, e eu sou apenas um ser humano.
Mas experienciar a vida presente, independente de mediação, apenas pelos meus sentidos, cada vez mais me mostra o quanto a humanidade está cega, seguindo o fio de uma narrativa tecida por alguém e vendida como ideia de futuro.
Temos apenas nossos sentidos, e a eterna permanência do agora.
